sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Impressões: Extraordinário, de R. J. Palacio


A terceira leitura de janeiro foi um livro leve, rápido e marcante. Extraordinário, de R. J. Palacio foi a história que iniciou a autora como escritora, e se provou um fenômeno de críticas e vendas. Vamos à sinopse:

Extraordinário

August Pullman, o Auggie, nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas. Por isso ele nunca frequentou uma escola de verdade... até agora. Todo mundo sabe que é difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tão diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular de Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apesar da aparência incomum, ele é um menino igual a todos os outros.

Narrado da perspectiva de Auggie e também de seus familiares e amigos, com momentos comoventes e outros descontraídos, Extraordinário consegue captar o impacto que um menino pode causar na vida e no comportamento de todos, família, amigos e comunidade - um impacto forte, comovente e, sem dúvida nenhuma, extraordinariamente positivo, que vai tocar todo tipo de leitor.

A sinopse é certeira contando a premissa e primeiros acontecimentos do enredo. Conhecemos Auggie, um menino de 10 anos bem resolvido com sua situação delicada, mas superprotegido. Descobrimos que por trás da personalidade calejada e quase madura do menino, ele guarda as mesmas inseguranças infantis que a idade reserva. Apreensão, revolta com a feiura e a constante sensação de estar sendo observado são sensações que se repetem durante todo ponto de vista de Auggie, e cativam tanto ao ponto de não percebermos que Auggie é tão observador e analítico quanto os demais. A mente imatura é muito bem trabalhada e a linguagem é simples de modo a fazer as páginas voarem em poucos minutos.

A estrutura de capítulos curtíssimos e abundância em diálogos são o principal fator da fluidez, além da já citada linguagem simples - o vocabulário chega a ser coloquial, na maioria do livro. Os capítulos são agrupados em visões particulares, fazendo com que a trama possa ser, em alguns casos específicos, revisitada por olhos diferentes, mas em geral a troca de personagem-narrador não implica retrocesso dos eventos, garantindo uma narrativa linear.

O trabalho de voz para as personagens é coerente, e cada uma que serve de guia para o leitor age e narra de modo específico, um detalhe trivial, mas que enriquece a história e, principalmente, facilita a identificação do leitor com cada uma.

O que gostei:
- Simplicidade da escrita, que combina com a trama
- O enredo é bonito, a história cativa
- O preconceito é o tema principal, mas não parece forçado em momento algum

O que não gostei:
- Como todas as obras do estilo Slice of Life, a trama pode soar chata ou sem propósito
- A impressão de autoajuda disfarçada é patente, em certos momentos

Considerações finais:
Simples, didático, emocionante e sem refinamento vocabular e narrativo, Extraordinário nos lembra a razão da gentileza ser tão importante e necessária no dia-a-dia. Em tempos de politicamente correto, o livro ensina que ser bom com os semelhantes - e os diferentes - é uma virtude, e que a nossa conduta gentil deve se pautar não em medo de processo ou pena dos outros, mas sim pelo simples fato de ser o certo a se fazer.





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