sexta-feira, 6 de março de 2015

Impressões: Ana Lúcia Merege


Iniciando a série de contos brasileiros contemporâneos, venho dar uma breve opinião sobre três contos da Ana Lúcia Merege, escritora talentosíssima de fantasia que já pode ser considerada notória no cenário nacional. Se o mês demorar mais do que o esperado para acabar, provavelmente voltarei com um segundo post comentando outros contos dela (e se os próximos autores forem tão bons em prender a minha atenção como ela foi, com certeza vou terminar a meta de 10 contos bem antes do dia 31).. Vamos aos contos:


A encruzilhada nos coloca junto de um mago numa averiguação a mando do seu senhor, buscando propriedades mágicas numa fonte localizada dentro da propriedade de um fazendeiro. O cenário é medieval e tradicional, não sendo difícil se encaixar na ambientação. Personagens cativantes e bem construídos completam a trama em que o mago encontra muito mais que uma simples fonte mágica, deixando no final um gancho para uma história maior, explorada em outros trabalhos da autora. Encontrei apenas um erro de construção de narrativa, mas é algo mais indicado para mencionar em um papo com a autora que propriamente apontar numa resenha como ponto negativo. Comecei minha andança por Athelgard com o pé direito!


O anel do escorpião É mais um conto no universo de Athelgard, mas desta vez a narrativa em primeira pessoa representa o registro final de um mago moribundo, e é pela voz do velho com poderes mágicos que tomamos conhecimento do caso ocorrido quando ele ainda fazia parte de um grupo de mercenários. Os personagens são bem construídos, mas não cativam, e a história não tem o mesmo apelo do conto anterior, entretanto o clima sombrio da narrativa é muito bem apresentado, garantindo uma experiência diferente e satisfatória. Mais uma vez, temos a deixa para algo muito maior no final do conto, o que mostra que a autora está montando direitinho o seu universo fantástico com histórias separadas e que se sustentam sozinhas.


O jogo do equilíbrio me pregou uma peça, afinal a ambientação e estilo dos personagens é totalmente diferente do que eu havia visto nos contos anteriores; e não é que descubro durante a leitura que ele também se passa em Athelgard? O conto é maior e, consequentemente, mais desenvolvido, tanto na perspectiva de personagens quanto de enredo. Cyprien é o protagonista, um artista de rua conhecido por ser o mestre das sete artes. O conto mostra o cotidiano dos saltimbancos, e apresenta um universo enorme de personagens enquanto nos guia até a resolução de Cyprien para seu maior problema: a falta de dinheiro. Uma coisa que percebi neste conto e me lembrei de ter visto nos anteriores, é que a autora sempre apresenta os personagens em grupo, ainda que a história se inicie bem antes de todos estarem reunidos. Não sei se isso é um artifício deliberadamente usado pela autora, ou se é apenas coincidência, de qualquer forma fica aí esta minha percepção.


O mês de contos já está de parabéns. As primeiras leituras foram ótimas e estou feliz de ter conhecido mais da obra de Ana Lúcia Merege. Com certeza vou buscar outros trabalhos dela e colocar na lista de leitura.
PS: Fica o alerta para o editor dos ebooks: não há espaçamento no início de parágrafo e o texto não está justificado.





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