quarta-feira, 6 de maio de 2015

Impressões: Os doze guardiões da luz, de Luiz Henrique Batista


Abril foi o mês da compensação preguiçosa. Após uma leva de livros gigantesca em Março, só consegui ler um livro e mais alguns trechos de outro, mas apesar de solitária, a leitura foi extremamente proveitosa. Adquiri o livro numa troca de exemplares com o Luiz Henrique Batista no início do ano, e ele só veio reforçar a ótima onda de nacionais que está inundando o blog. Sem mais demora, vamos à sinopse e minha opinião:


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Ambientado num mundo de fantasia, Os Doze Guardiões da Luz narra as histórias de heróis imortais que encarnam os doze signos do Zodíaco. Séculos após a grande guerra, que expulsou a Escuridão dos reinos do oeste, o povo e os heróis parecem ter se esquecido da ameaça que reside lá fora, além da fronteira das terras da Luz com os países da neblina. Alheios ao alcance dos tentáculos do inimigo, os Guardiões são pegos de surpresa quando a ameaça vem não de fora, mas de dentro do reino, justamente daqueles em quem mais confiavam: eles próprios.


O livro conta a história dos doze personagens principais, com um foco ligeiramente maior em Áries, o Senhor do Fogo, usando uma escrita bem veloz e estruturada, dando fluidez à leitura de uma forma mais contundente que a maioria dos livros que eu já li - inclusive, os capítulos curtos tem grande influência nisto, as páginas realmente passavam voando. A construção de personagens é bem feita, e a personalidade de cada um é bastante definida, quase a um nível caricato, o que auxiliou na memorização de cada um - algo que inicialmente pode parecer um desafio para alguns, mas na verdade se mostra bem simples, principalmente quando se observa que os nomes dos principais personagens são os signos do zodíaco, os mesmos que todo mundo já está cansado de saber.

Acredito que posso enquadrar o livro como um YA, pois ele possui uma linguagem que não gera restrições de idade, mas no enredo há algumas cenas não apropriadas para crianças. Independente da faixa etária, o que não falta na história é emoção, de todos os tipos e intensidades, prendendo o leitor desde o primeiro capítulo. Esta carga dramática, entretanto, chegou a me causar incômodos: por ser tão presente e envolvente, acabou a causar algumas incoerências, como por exemplo 1) os seres das sombras, inicialmente apresentados como desprovidos de temores, constantemente se apavoram em combate contra os heróis, 2) Leão e Câncer, exaltados por seus poderes de combate, não fazem jus à fama, 3) o céu noturno sem luar também é comum, mesmo no início do livro as luas serem apresentadas como gigantescas e muito próximas e brilhantes, tal qual castelos criados por gigantes sendo habitados de maneira natural por humanos, 4) algumas repetições usadas como reforço, sejam reproduzindo as motivações de personagens ou com o narrador explicando o que as ações ou diálogos acabaram de mostrar.

Quanto a descrição, o texto se compatibiliza perfeitamente com o que eu busco, nada muito desgastante e milimetricamente exposto, mas descrito o suficiente para gerar uma imagem mental de personagem (uma vez ou outra surge uma figura de linguagem nessas descrições, psicológicas ou físicas, que parecem forçadas, no entanto) ou de cenário. O cenário, aliás, vale a menção pela complexidade; rico e variado - de certa forma até mais que o necessário para o que este primeiro livro apresenta - demonstra o grande esforço que o autor despendeu. A única coisa que me pareceu deslocada quanto a isso foi a menção a anjos no livro, uma vez que a criação de mundo é explicada, bem como as demais raças do mundo ficcional, e nenhuma delas faz sequer alusão a existência de seres angelicais. É só um detalhe, e pode ser explicado em livros futuros (ou não, e aí será como a menção a golfe que o Tolkien fez em O Hobbit).

O que gostei:
- Narrativa ágil e bem estruturada
- História envolvente, com transição de cenas veloz
- Personagens cativantes
- Descrições na medida certa
- Enredo emocionante

O que não gostei:
- Não possui índice
- A carga dramática precisou fazer uns sacrifícios para ser tão alta
- Faltou um tanto de originalidade

Considerações finais:
Os doze guardiões da luz é, de longe, o livro nacional de fantasia da minha estante que mais consegue aliar qualidade  de escrita com apelo comercial. Misturando ação, aventura e romance, Luiz Henrique Batista criou uma obra magnífica e ainda deixou as portas abertas para continuações que logo virão, segundo declarações do autor. Para quem conhece as fontes de inspiração usadas pelo autor, fica ainda mais prazeroso descobrir as várias referências, que vão de livros, mangás e filmes até - se eu deduzi corretamente - videogames.