sábado, 21 de novembro de 2015

Abandonei: A lenda de Ruff Ghanor: O garoto-cabra, de Leonel Caldela





Estou largando a leitura no quarto capítulo; realmente me decepcionei, pois o saldo das resenhas na amazon, loja onde comprei o ebook, é extremamente positivo. Mas comecei mais decepcionado do que fiquei quando cheguei no quarto capítulo. O prólogo "O devorador de mundos" é horroroso, parece escrito por amador (pode ser lido gratuitamente na página da amazon, online) e quasse larguei ali mesmo. Dei uma segunda chance e continuei para ver uma melhora gigantesca no texto do primeiro capítulo, mas continuei achando erros graves na escrita.
Gostei muito do cenário, porém o vocabulário me incomodou demais. Não é pobre, pelo contrário, há palavras utilizadas no texto que não são de uso comum, entretanto faltou exatidão no uso das mesmas. Para exemplificar, este é um trecho de finalização da apresentação de uma caverna sombria, de importância ímpar e cuja entrada é vista como um tabu pela população local:


"A montanha ficava atrás do mosteiro, e os clérigos quase nunca tinham razão para se aventurar por lá"

O verbo aventurar-se tirou o sentido que vinha sendo construído, mas o que estragou com tudo mesmo foi dizer que os clérigos QUASE NUNCA TINHAM RAZÃO PARA IR LÁ. A escolha errada de palavras acabou com a coerência do que tinha sido dito.
Abaixo, dois exemplos em que o autor trata o leitor como criança, e digo isso em tom de crítica porque sei que o livro não foi escrito para o público infantil:

"Não sabemos de onde veio, apenas que os deuses, ou o santo, colocaram-no em nosso caminho com um propósito específico. Mas, fosse qual fosse sua vida antes do incidente no túnel, você parece um menino que nunca teve uma família antes. Agora tem, está cercado de pessoas que o amam, e então apareço eu e jogo toda uma nova família sobre você. É demais, não?"

"Naquela época, havia um rei, e por isso as pessoas podiam viver a vida em paz. Podiam planejar, ter filhos, esperar pelo dia seguinte, pelo ano seguinte. Havia um rei, e por isso as pessoas tinham futuro. Era um rei dotado de poderes assombrosos. Capaz de vencer qualquer inimigo com uma combinação de força e magia. Seu sangue era poderoso, carregava uma bênção, um traço arcano, algo que o tornava mais que um mero mortal. Escolheu como sua rainha a mais brava guerreira de todas as terras, e ambos tiveram muitos filhos, que herdaram a coragem e o poder de seus pais."

Na primeira, é recontada toda a história dos dois capítulos anteriores. Desnecessário e irreal.
Na segunda citação, além da cacofonia do parágrafo como um todo, é novamente feita a explanação de algo que poderia ser inserido de forma muito mais orgânica, mas o autor preferiu meter o infodump precedido de travessão e fazer um diálogo preguiçoso e, novamente, irreal.
A história de Ruff Ghanor, na minha opinião, não merece ser chamada de lenda.






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